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Orientações para profissionais que estão começando a trabalhar com pessoas com deficiência

05Jan2014

 

Orientações


Durante palestras e no meu dia a dia, alguns professores, estagiários e colegas de empresas me perguntam quais orientações posso sugerir para quando eles começarem a atender/trabalhar com pessoas com deficiência. 


Lembro aos leitores que os objetivos da Educação e do Trabalho para pessoa com deficiência são os mesmos para pessoas sem deficiência. As diferenças estão relacionadas ao tempo que se leva para alcançá-los (no caso das pessoas com deficiência intelectual), e às metodologias/tecnologias adaptadas para cada tipo de deficiência. Contamos hoje, com inúmeras tecnologias assistivas que facilitam a participação ativa de todos.


Reforço que meu principal objetivo é formar cidadãos independentes, participativos, capazes e produtivos, focando o potencial latente de cada pessoa. Não existe uma “receita de bolo” porque cada ser humano tem sua individualidade e forma de assimilar conhecimentos.


Algo que considero imprescindível é datar sempre todas as anotações realizadas. Por mais simples que possa parecer, aquela informação com data poderá fazer diferença no futuro. Sejam entrevistas com profissionais ou familiares, exames ou demais informações, tudo tem a sua importância.


No primeiro momento, sugiro conhecer o histórico de vida e histórico familiar do aluno/colaborador (no caso de escola ou mercado de trabalho). Estas informações podem ser adquiridas junto à escola e/ou família (no caso de pessoa com deficiência intelectual), currículo, redes sociais.


No segundo momento, procure conversar diretamente com este aluno/colaborador para saber suas preferências com relação a assuntos diversos, objetivos de vida e o que esta pessoa não gosta.


Dúvida do leitor...
Alguns leitores podem estar se perguntando: “por que saber o que a pessoa não gosta?”.


Particularmente, gosto de saber quais fatos e comportamentos incomodam as pessoas com quem convivo. Sejam amigos, namorado, familiares, alunos e colegas de trabalho.


Motivo: se eu disser ou fizer algo que perturbe alguém, este alguém deixará de ter tranquilidade. Alguém inquieto, que fique remoendo palavras e ações, perde a concentração e, consequentemente, torna-se improdutivo e até mal humorado.


Quem ganha com isso? 
Ninguém! Então, por que provocar o sentimento ruim? Não gosto deste tipo de comportamento. Não acrescenta nada de bom na minha vida.


Observe que para mim, saber o que alguém não gosta está relacionado ao bem estar de todos os seres humanos. 


Retomando...
Independente da idade desta pessoa, é interessante saber:


1.Causa(s) e consequência(s) da deficiência. É congênita ou não?


1.a) Se existem contraindicações para atividades físicas ou as atividades laborais pretendidas. Se existir, listar quais são elas. 


1.b) Avaliar quais movimentos a pessoa consegue executar e quais podem ser aprimorados.


1.c) Nem sempre a deficiência múltipla causa deficiência intelectual. Portanto, não se deixe levar pela aparência. Muitas pessoas com considerável comprometimento físico (desequilíbrio e fala comprometida) possuem o raciocínio intacto, compreendendo tudo que se passa ao seu redor. Cuidado com os assuntos abordados ao seu lado! O indivíduo pode se sentir excluído.


2.Hábitos de higiene e atividades da vida diária. Motivo: para saber se será necessário realizar algum tipo de adaptação ao ambiente, ou contar com a ajuda de algum colega de escola ou trabalho (conforme for o caso). 


3.Se existe superproteção ou desprezo por parte da família. Motivo: a superproteção talvez explique uma possível falta de iniciativa. O desprezo pode explicar uma possível indiferença, revolta e/ou agressividade.


Com estas informações em mãos é possível adaptar as atividades físicas, pedagógicas ou laborais ao potencial do aluno/colaborador, alcançando um bom desempenho e produtividade.