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Orientações para Médicos, Pais e Responsáveis

10 de janeiro 2019

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Ao longo destes mais de 20 anos convivendo com meus alunos e seus familiares, observei e observo inúmeras situações da história de todos eles, que costumam ser comuns. Por este motivo, usarei este espaço para postar orientações baseadas nos depoimentos dos responsáveis de quem me rodeia. Talvez, possamos contribuir para a melhoria da qualidade de vida de alguém.

 

Um fato muito comum é o relato de mães de mais da metade das pessoas com Paralisia Cerebral. Contam que, enquanto gestante, ao sentir algumas dores se dirigiam ao hospital. Os médicos faziam algum atendimento e, em seguida, pediam para estas gestantes irem para casa porque ainda não estava na hora do bebê nascer. Porém, como as dores continuavam nos dias que se seguiam, estas mães voltavam ao mesmo hospital e, como os médicos não realizavam o parto, continuavam com o bebê em seu ventre, mesmo percebendo que havia algo errado.

 

Este é um sério alerta para gestantes e médicos.

 

A consequência é que com esta espera, o feto sofria algum tipo de comprometimento e, hoje, estas mães lamentam por não terem procurado outro hospital logo no primeiro dia. Portanto, minha sugestão é que se algum leitor conhecer algum caso semelhante, oriente para que esta gestante procure outros hospitais, mesmo que em outras cidades. Assim, ouvindo uma segunda opinião, elas se sentirão mais seguras e poderão evitar danos à saúde de seus filhos. Sugiro aos médicos para estarem mais atentos a estes atendimentos para que famílias inteiras não tenham suas vidas prejudicadas.

 

Tem sequelas de Paralisia Cerebral que não permitem que a pessoa movimente cabeça e nenhuma parte de seu corpo de forma voluntária, mesmo na vida adulta. Essa situação pode ser prevenida durante a gestação. Esteja atento.

 

Uma segunda orientação é que os responsáveis ajudem seus filhos a serem mais independentes, ensinando amarrar os calçados, abotoar roupas, ensinar o lado avesso das roupas, escovar os dentes, lavar as mãos após usar o vaso sanitário, e demais atividades da vida diária relacionadas à alimentação, higiene, vestuário.

 

Ensinar os afazeres domésticos desde criança também é muito interessante e importante porque ao crescer, estas pessoas com deficiência se sentirão mais participativas, alegres e úteis. O que para eles é ponto fundamental quando atingem a adolescência e vida adulta. Observo isso no relacionamento e conversa entre eles durante as aulas, as caminhadas e as viagens que faço com eles.

 

Exemplos

 

De todas as histórias de vida que conheço nestes longos anos aprendendo e observando as relações familiares e o desenvolvimento de meus alunos, cheguei à conclusão que os familiares e/ou responsáveis que ensinaram:

 

1. as atividades da vida diária - ajudar a arrumar a casa, se vestir sozinho, higiene pessoal e do lar, e todas as outras atividades;

2. números, letras, cores (mesmo que não seja alfabetizado(a));

3. a ter disciplina e limites sociais;

4. a pensar  em um futuro com mais independência, sabendo que um dia iriam falecer e seus protegidos precisavam aprender "a se virar" no mundo;

5. andar nas ruas, atravessando e observando sinais de trânsito;

6. fazer compras em mercados de bairro, padarias e outros;

7. lidar com dinheiro;

8. conhecer os ônibus e caminhos de casa para escola, casa de parentes e os locais mais frequentados pela família;

9. medicar de maneira correta, seguindo orientação dos médicos;

obtiveram bom desenvolvimento e alcançaram sucesso na vida. Sucesso emocional, social, educacional e até mesmo profissional.

 

Qual o motivo? É muito simples:

: um dia possui 24 horas,

: o aluno fica na escola ou em atendimentos especializados por 4 horas,

: o aluno fica com os familiares e/ou responsáveis por 20 horas.

 

Então, 20 horas é muito mais tempo do que 4 horas. Sendo assim, a responsabilidade de estimular na maior parte do dia é do familiar. O profissional orienta na escola ou clínica e, a família precisa continuar o trabalho em casa.

Pense nisso! Busque estimular sempre as pessoas com deficiência. Acredite que elas têm potencial. Mesmo tendo que repetir os ensinamentos inúmeras vezes ao longo de meses, não desanime. Um dia, o fruto do teu esforço vai brotar e te fazer muito feliz!

 

Sobre o salário que a pessoa com deficiência recebe quando trabalha

 

Observo um fato nas famílias que conheço que me chama muito a atenção e, confesso, me incomoda demais: não existe o costume de ensinar a seus protegidos como fazer o planejamento financeiro, como utilizar o cartão nas agências bancárias para saque e extrato. A família recebe o salário deles e administra sem ensinar nada.

 

Creio que por não saberem muito bem a matemática, ou não serem alfabetizados, a família não acredita que eles são capazes de fazer atividades relacionadas ao dinheiro. Por este motivo, dou aqui meu depoimento de que mesmo o aluno não sabendo somar e subtrair muito bem, ele consegue aprender a realizar o controle do seu salário se houver quem tenha paciência para ensinar.

 

Sim, porque são meses para eles perceberem que se fizerem lanche na rua todos os dias, o dinheiro vai acabar mais rápido. Se comprarem seu lanche em um mercado para a semana toda, vão economizar. Desta forma, vai sobrar mais dinheiro ao final do mês para ir "juntando" (utilizando a linguagem deles), nos meses seguintes. Assim, poderão comprar um computador, game, guarda-roupa, fazer viagens, enfim, satisfazer a necessidade que qualquer trabalhador sente de ver recompensado o cansaço de acordar cedo.

 

Tem um ex-aluno que acompanho muito de perto e faço este trabalho de ensinar o planejamento financeiro mês a mês. Para ser sincera, desisti de gerar meu próprio filho ao conhecer a história dele e seus irmãos há uns 15 anos. Por não existir mais uma figura feminina dentro da casa deles, comecei a acompanhá-los e, ao final de uns meses, recebi presente do dia das mães. Observei que se eu gerasse meu próprio filho, não teria mais tempo para dedicar a eles.

 

Deixo aqui meu testemunho de que pessoas com deficiência intelectual conseguem aprender a organizar sua vida financeira. Assim, quando eu e os familiares de sangue não estivermos mais vivos, um desses irmãos saberá administrar sua casa sozinho.

 

Baseado nesta vivência que tomei como desafio é que sempre escrevo aqui e digo às famílias para incentivarem o máximo a independência de seus filhos. Vou chamar este ex-aluno de C.M.O.

 

Quando comecei a conviver com ele, era um ser frágil emocionalmente, adolescente, muito inseguro e com medo exagerado de conversar com pessoas desconhecidas. Durante estes 15 anos, dedico a mostrá-lo que pode trabalhar, namorar, passear, sair com amigos e tudo o mais que todas as outras pessoas fazem.

 

Este esforço diário tem dado resultado: hoje, C.M.O. sabe andar sozinho pela cidade, ler e escrever, fazer as contas de somar e subtrair de uma maneira eficiente, já está no mercado de trabalho, usa o cartão do banco sozinho, tem seu celular, viaja sozinho, já consegue planejar seu salário para comprar as coisas que deseja.

 

Não foi e não é fácil porque é preciso repetir a mesma orientação inúmeras vezes até que ele compreenda como fazer.

 

Assim como todas as famílias, tem semana que perco a paciência e me afasto um pouco para poder respirar. Daí, peço a Deus que me dê calma para voltar a orientar C.M.O. e conseguir fazer com que ele perceba qual é a maneira mais eficiente para economizar dinheiro.

 

Durante alguns meses C.M.O. administrou sozinho sua conta bancária. Comprava o que queria, pagava coisas para pessoas que se diziam amigos, enfim, ficou sem controle dos seus gastos e, consequentemente, sem dinheiro. Porém, até este fato que entristeceu a mim e às outras profissionais foi válido. Sim, porque é errando que se aprende. E o mesmo aconteceu com ele.

 

C.M.O. estava com muita vontade de comprar um computador. Então, ao ver que se continuasse gastando o dinheiro com futilidades e sem controle, não conseguiria adquirir o tão sonhado computador, C. resolveu atender nossa orientação e voltou a fazer as anotações de gastos, despesas fixas e a poupar.

 

Com este relato, constatamos que é importante ensinar a eles tudo o que ensinamos a quem não tem comprometimento intelectual porque para toda persistência existe a colheita de bons frutos.

 

Se precisar de ajuda, faça contato comigo através do e-mail abaixo, ou Whats App 32-98409.3027, ou  instagram Inclusão Positiva. Te ajudo neste processo de superação!

 

Lembre-se que a frase “vou conseguir” tem que estar na sua mente em todas as situações.

 

 

Trabalho com Palestras, Mentoria e Treinamentos como foco em Neurociências e Comportamento

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e o mais importante, ser feliz hoje.

 

 

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Até a próxima história!

 

Arquivo: Março 2014